A CAMINHO DUM NOVO PARADIGMA, PARA UMA NOVA HUMANIDADE Artur Alonso

Em 1900 o físico alemão Max Planck introduziu a ideia de que a energia era quantizada; anteriormente em 1838 Gustav Faraday tinha feito a descoberta dos Raios Catódicos. Em 1860 Gustav Kirchhoff, introduz o conceito de Corpo Negro. Já em 1905, Einstein demonstrou que toda a radiação eletromagnética, pode ser dividida num número finito de energia, que denominou “quanta de energia”. Depois em 1926 Gilbert N. Lewis, chamaria estes “quanta de energia” de fotons. Dous anos antes em 1924 Louis-Victor de Broglie apresentara sua teoria de ondas de matéria, fazendo perceber ao mundo que as partículas podem exibir características de onda e vice-versa. Assim é como em 1925 nasce a ideia da mecânica quântica, quando Werner Heisenberg e Max Born (baseados na aproximação de Broglie) desenvolverão a mecânica matricial que, junto com a visão de Erwin Schrödinger, sobre a mecânica de ondas, iniciará a virada de século e de paradigma na física.

Em 1933 às margens do Lago Maggiore, próximo a Ascona, na Suíça, Olga Froebe-Kapteyn funda o Grupo Eranos; abrindo à porta a interação já consciente entre ciência – espiritualidade. Entre os participantes do grupo figuravam pessoalidades tão destacadas como: o eminente teólogo alemão Rudolf Otto, especialista em religiões comparadas; Gilbert Durand, conhecido pelos seus influentes trabalhos sobre Imaginário e Mitologia; James Hillman psicologo analítico, conferencista de fama internacional; D. T. Suzuki, famoso autor japonês de livros sobre budismo (ajudou a introduzir em Ocidente o conhecimento de disciplinas como o Zen); o engenheiro elétrico Max Knoll: os famosos físicos quânticos Rudolf Alexander Schrödinger, Niels Borh e Wolfgang Ernst Paul; os biologos Jacob Johann von Uexkül e Adolf Portmann; assim como diversos especialistas de reconhecido prestigio tais como Mircea Eliade, Heinrich Robert Zimmer, Joseph John Campbell, Erich Neumann e o famoso psicoanalsita Carl Jung (um dos grandes promotores destes encontros), entre outros… Ajudaram a mudar nosso visão da realidade. 
Este grupo reuniu-se durante 70 anos, em reuniões regulares, efetuadas 1 vez por ano; durante as quais, em períodos de 8 horas diárias, cada pensador dispunha de 2 horas para suas palestras. Pudendo agora afirmar que graças a esta iniciativa, muitas das vanguardas atuais, que visam aprofundar os caminhos de confraternização global (não somente entre ciência, humanidade e espiritualidade) senão também entre culturas e povos, beberam direta ou indiretamente desta inesgotável fonte que foi Eranos.

Alberto Filipe Araújo, no seu texto: “Jung e o tempo de Eranos. Do sentido espiritual e pedagógico do Círculo de Eranos”, afirma: “…Vários conferencistas, vindos dos quatro cantos do mundo, partilhavam à volta de uma mesa as suas ideias de acordo com o tema proposto. Por outras palavras, cada participante coloca as suas visões interiores, sob uma forma filosófica ou científica, à disposição de todos os participantes com a condição de que o seu contributo seja simultaneamente imaginativo, criador e rigoroso.” (Revista @mbienteeducação. 94-112, jan/jun, 2013/04). Não é pois de estranhar que em grego Eranos, signifique comida em comum, celebração compartilhada, onde cada um achega sua parte.

Este novo caminho de confluência Ciência – Espiritualidade, ainda que agora nos torne um bocadinho mais céticos, de início; pode, no entanto auxiliar aos individiduos e sociedades dotando-os de novas ferramentas, que permitam com maior acerto, enfrentar, como humanidade global os novos desafios e provações que o futuro e o próprio presente nos está a deparar já, embrulhado na aparência de varias crises isoladas (económica, energética, ecológica, politica, social, cultural…), que bem analisadas partem de um mesmo fio comum: a crise sistémica de um velho modelo já inadequado para ultrapassar novos e mais pujantes desafios planetários.

Podemos inferir do pensamento de unidade ciência – esperitualidade, que ficam pela teoria quântica, abertos campos que podem desvelar novas possibilidades, nas quais mesmo a consciência, nos permitiria criar uma nova realidade. Já, hoje em dia, muitas pessoas não somente acreditam em este axioma; senão que na prática tentam mudar suas vidas, suas rotinas, tendências, círculos viciados, repetição de caminhadas… Mudando precisamente suas consciências (mesmo permitindo a expansão dessa consciência à procura de novas dimensões). E muitas afirmam mesmo que as positivas mudanças que obtiveram, seriam impossíveis, sem essa mudança de consciência. Há mesmo científicos a concordar, que essas mudanças efetuadas no nível anímico – psicológico, levariam também a profundas transformações bioquímicas no nosso cérebro; acrescentando a ideia de uma maior unidade, nos processos processos da vida; tal como pensa o Dr. Jeffrey Satinover.

Esta conceção nova da realidade, tem também empolgado a inovação terapêutica e campos como o Reiki, Ioga, Meditação… Que anteriormente foram indevidamente associados a “efeito placebo”, agora começam a ser inseridos, dentro de diferentes terapias, que mesmo abrangem a docencia ou a pratica hospitalar. Pelo qual devemos começar a pensar a serio, em esta mudança do paradigma social dominante, nascido no século das luces e muito associado, ao ate agora, entendido como racional. Sabendo que velhos paradigmas, que foram fundamentais na sua época para gerar um avanço evolutivo na humanidade, puderam agora chegar a entorpecer o mesmo ao ficar já velhos e desgastados, pelo avanço do tempo e, as inércias próprias dos ciclos naturais de renovação.

Para o físico indiano Amit Goswami “a consciência é a base de tudo”. Ele afirma ser a consciência, e não a matéria, a base de tudo quanto vemos, percebemos e observamos. Nós, então, podemos criar nossa realidade, dependendo das escolhas que façamos na nossa vida. Sabendo que existem diversas possibilidades, dentro das nossas potencialidades. Como assegura o próprio Goswami : “A consciência diz que o mundo é cheio de possibilidades e que nós temos liberdade de escolha. Se nós aprendermos a escolher com criatividade, acessando esta interconectividade não-local que cada um de nós tem, que é um estado de consciência não-local, se nós aprendermos a dar um salto do nosso ego individual para essa interconectividade não-local, então nós podemos acessar essas ideias de criatividade e mudar as nossas vidas. Assim, se acessarmos esse estado, seremos mais responsáveis pelas nossas ações. E quando assumimos essa responsabilidade, podemos enfrentar todos os problemas que vêm perseguindo-nos. Então “escolha” e “responsabilidade” são as palavras chaves desta nova ciência. Neste sentido, a nova ciência nos ensina a exercitar a criatividade.”

Novos avanços científicos tecnológicos, podem estar a obrigar-nos já a essa mudança; que não entanto não poderá ser possível, sem antes mudar nossa psicologia atual de competência pelos recursos (entre contrários ou inimigos), pela nova psicologia de colaboração e compreensão (entre completares e amigos).

Demonstrado está, também e, fica patente em diferentes estudos que o imaginário coletivo interage no imaginário individual e o mesmo individuo tira muitas vezes suas ideias, desse imaginário. Sabendo também da função que exerce o poder no controlo de esse imaginário coletivo, através de todos os seus meios ao alcance, desde os meios de de comunicação, aos doutrinamentos escolares, o seio familiar, o mundo laboral, etc… Acreditamos que somente plantando pequenas sementes de renovação e encorajando a libertação pessoal e coletiva , poderemos num futuro ver brotar a árvore da renascença.

Estas sementes tendem a avançar da Materialidade à consciência psíquica – dai elevar-nos – à Consciência iluminada da personalidade individual (morte do egoismo, esse entendemos nós foi o verdadeiro sacrificio do Cristo, na cruz – a morte do eu inferior, o ego material apegado a dominação, a imposição, viçado em cumprir os caprichos, paixoes, desejos de controlo…   Para alcançar o Eu Superior: ultrapassando essencialmente ess medo à morte).

A cruz mística sempre como símbolo da união da vertical e a horizontal (aparece em diversas culturas, como na nossa celta): Na horizontal o homem cresce pela racionalidade material, na vertical o homem ascende a intuição pura espiritual.

Na horizontal, a delimitação necessária a definição para tornar compressíveis as partes do todo (delimitar: dar limites; definir: tornar finito). Na vertical de novo a união com o todo, através da compreensão das suas partes. Experiência direita da realidade, através da intuição pura, deixando que o todo inunde o ser, deixando que nosso ser se inunde no todo…

Dai saber necessário razão e intuição serem complementarias. E um dos grandes trabalhos do nosso iniciado século, será esse: aprender a conciliar razão e intuição. Aprender a confraternizar fusionar, também, emoções (coração) e mente (cabeça).

Dai elevar-nos (atravesando o abismo do medo, com a força interior, vontande e coragem integradas, por meio da impassível perserverança) para – alcançar a essência comum (a União do Todo no Uno). Chegando a compreender que o que nos une como humanidade é mais forte, enraizado (raiz comum) que o que nos separa: divisão aparente (fomentada pela discórdia e a guerra). Sendo a união a raiz da árvore da vida e a divisão: as folhas (latejante no símbolo universal e cabalistico da “árvore da vida”).

Do mundo material – elevar-nos ao mundo moral – deste ao mundo intelectual. O intelecto é essencialmente a concretização da intuição a da compreensão.

Chegado aquí o discurso, faremos nossa a frase de Hernri Durville, na dedicatória do seu livro: “A Ciência Secreta” e dedicamos também este texto: “A todos aqueles que têm sede de ideal, que sonham com a Justiça, a Liberdade moral, a Fraternidade…” pois eles certamente foram os que hoje se achegaram a esta leitura (nada é por acaso). Mas advertimos, como também advertiu em seu préfacio o próprio Durville, aqueles que por acaso procuram encontrar em este saber e conhecimento: “o meio de saciar as suas paixões, ódios, amores, ambições, rancores; que procuram o ganho material; desgraçados que tem sofrido e não tem sabido perdoar, que este pequeno e humilde texto, não escrito para eles. Este tipo de atos, são atos de amor e de altruísmo”. Dados a quem compartilham estes nobres ideais.

Acrescentamos também que pela contra aqueles que tens sofrido longamente e que querem sair do tormento, caminhar ousadamente pela senda do amor, para encontrar a Serenidade, a Felicidade e a Paz Interior, realmente estão no local apropriado.

Mas de novo desafiamos aqueles que ainda não preparam seu coração para o amor, a tomar outro caminho, lembrando de novo as palavras de Hernri Durville quando, no mesmo, escrito advertia: “Procuras o ganho material? Não será aqui que tu o encontrarás; este é um estudo desinteressado, uma tentativa mais de dar a todos a felicidade, que vem da paz da alma e do bem feito em torno de si. Nele não se encontra nenhuma idéia cúpida.

Simples curioso, e tu, ambicioso, que acreditas ter nascido para seres o conquistador do mundo, este escrito não é para vós, para os vossos corações presos ao tumulto das paixões vãs que esta obra não foi feita… No estado atual da vossa perturbação, não compreendereis esta obra . Não falamos a mesma linguagem e os propósitos que escolhemos não fariam desaparecer a barreira que nos separa. Não procureis levantar o véu (da sabedoria) antes de terdes mudado os vossos desejos.

Daqui até lá, vosso dia ainda não é chegado; não saberíeis ainda ver nestas páginas a ternura e a alegria que quisemos expressar.”

Sirva pois este trabalho entusiasta, como um pequeno inicio, para na medida da sua humilde projeção, abrir a alma dos leitores à procura desse novo modelo de participação coletiva nas decisões e colaboração ética baseada na lealdade, honorabilidade e transparência; necessárias para criar confiança entre todas as diversas culturas globais.

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