A TRAVÉS DA FIM (I) / A MEMÓRIA INFERNAL / OS LOBOS ANDAM FAMENTOS Roi Ferreiro

Autopoiesis Integral
Na procura da «poesia do futuro» — Neo-romanticismo, anti-capitalismo, psicologia transpersonal, ciberpunk, thrash, D.I.Y. e muito ferro candente…
http://roiferreiro.blogspot.com.es

A través da fim (I)

Pálidos bosques de máquinas
crescem nas marges
da luz do Sonho

Homo afunde-se neste
vazio que reborda cousas,
atrapado nesta rede
de relaçons solitárias

Convertido num animal sem sentido,
numha image sem espírito,
vagando pantasmal polos caminhos
suaves, dum verám
que se aproxima à sua fim natural…

Némese descoraçoadora,
um deserto de milagres,
separados sangue e océano
na inasível malha de
mecanismos crepitantes

Escrito o 16 de Julho de 2014

 

 

A memória infernal

I

A memória
acumula morte
e encerra
ao silêncio
num cadaleito de choiva

Mentres
no outro lado
as criaturas desfalecem
coa sede
até converter-se em
monstros que
atravessam a cara
oculta dos espelhos

Nada vence
aos animais da imaginaçom
Mas o morto
apodrece e perturba
e envilece o sonho
e a sua mirada

 

II

 A memória atraiçoa
a verdade
como umha praga
de fábricas
moe e processa
os grans do mundo
e desbrava
a hora da eternidade
até desertifica-la

O eu nom se conhece
nem conhece o mundo
É um ente religioso,
continuamente imaginado,
fetichista,
sem identidade

Nom acerta
o reflexo da alma
na beira do mar
baixo o sol calmo e tenro
que precede
ao completo ocaso

Tampouco as palavras
falam
Ainda a maioria de poetas
som oficiantes
de funerais
e gravadores
de lápidas

Neste ar plano
as significaçons
dissolvem-se
na pedra
E o amor
é area

Escrito entre o 22 e o 28 de Julho de 2014

 

 

Os lobos andam famentos

Os lobos andam famentos
das vossas casas, das vossas cousas
Espreitam na escuridade urbana
Querem ocupar o território
do que os tedes exiliado
Trazem a noite nas suas patas
e o sol na sua boca
O cósmico amor ruge
na sua pelame de prata
evocando a lembrança ruda
da antiga idade gelada
Diante, crianças desesperadas
fugem pola carne do destino
cos corpos envelhecidos
pregando por ajuda técnica
aos páis do progresso
perdidos para sempre
no tempo atrás

Os lobos tenhem fame de alma
De alma vivinte cujo cheiro fica
vibrante nas cousas e suores
produto dos corpos cálidos
Querem abrir-lhes as carnes
e chegar às sempre tenras
entranhas do desejo
latejantes, tangentes,
sangrantes…
Onde o poder da vida
está encerrado
por sacerdotes da morte
cegos, sombrios
e enlamados
Os lobos libertarám
cos seus colmilhos profanos
ao espírito dessas opacidades,
fendas no múltiple movimento
que separam um inconsciente,
umha consciência
e um Deus

Os lobos venhem famentos de vida
atraídos polo abatimento de Homo
Comendo e bebendo,
a carne e o sangue,
salvarám o que lhe reste de alento
e voltarám-no,
refulgente de novo,
para o seu fogar na noite eterna
onde se gestará e será parido
e da que sairá el
outra vez erótico futuro
para alimentar
o lume da criaçom inacabável
Será quando os lobos
voltem a andar e caçar junto aos homes
Quando retorne a alma humana à natureza
para viver a unidade de Gaia
e se funde a sociedade das espécies

Estám famentos, si, os lobos aziveche
que andam pola tua alma negada,
ouveando ao poder vital que resplandece
ao reflectir os raios do si-mesmo
Aparecem coas sombras,
mas venhem detrás
porque venhem de antes
Eles som a mensage da noite selvage
que se advém
e que acurtará as sombras
provocadas polo ego
projetadas sobre as cousas
Devorará os lineamentos
da percepçom e das obras
no próprio mundo de Urizen
Som prelúdio e vento
dumha nova evoluçom,
da nova espécie humana

Os nossos lobos nom se deterám
até que tenham devorado o medo
Iluminará-no até formar
com el um sol de gelo
Ou até que o pánico ferva
liquefazendo o ego desviado,
afastado da nossa natura
E o si-mesmo poda
directamente guiar o ser,
a alma-corpo enteiro,
fazendo que se embeba
radiante
do brilho da noite,
e que os sentidos se transparezam
pola graça da luz
que subjaze a tudo
Ressucitando da orige
ao concreto home cósmico

Escrito do 9 ao 11 de Agosto de 2014

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